Todo cristão é um adorador. Tanto em público como na vida privada, nós reconhecemos que devemos adorar o Deus Todo-poderoso. Mas como podemos adorar a Deus sem sabermos quem ele é e que tipo de adoração lhe agrada? Sem esse conhecimento, é quase certo que nossos esforços de adoração acabam se transformando em idolatria. No melhor dos casos, nós iríamos simplesmente imitar aquele famoso altar que Paulo encontrou em Atenas e no qual estava escrito “Ao deus desconhecido”. Mas os cristãos não são atenienses agnósticos; nós devemos amar o Senhor nosso Deus com todo o nosso entendimento e adorá-lo “em espírito e em verdade”.
Então, o que significa adorar a Deus? E “gloriar-se no seu santo nome”, ou seja, adorar com regozijo aquele que ele é em seu caráter revelado. Antes, porém, de podermos nos gloriar no nome de Deus, precisamos conhecê-lo. Daí a necessidade de lermos e praticarmos a Palavra de Deus em culto público e de meditarmos na Bíblia em devoção privada. Estas coisas não interferem na adoração; pelo contrário, são o fundamento necessário para tal. Antes de termos qualquer liberdade de falar com Deus, ele tem de falar conosco. Ele deve revelar-se a nós antes que possamos apresentar-lhe aquilo que somos em adoração que lhe agrada. O culto a Deus é sempre uma resposta à Palavra de Deus. A Escritura dirige e enriquece maravilhosamente a nossa adoração.
Se todo cristão é um adorador, todo cristão é também um crente. Na verdade, a vida cristã é uma vida de fé. “Onde está a vossa fé?”, perguntou Jesus aos doze quando eles ficaram com medo, e os exortou: “Tende fé em Deus”. Mas, o que é fé? Também é uma resposta à revelação de Deus. Nós não podemos confiar em um Deus que não conhecemos, assim como não podemos adorar um Deus desconhecido. Consideremos o Salmo 9.10: “Em ti, pois, confiam os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, não desamparas os que te buscam.” Se adorar é “gloriar-se” em Deus por quem ele é (seu “nome”), então fé é “confiar” nele por causa de quem ele é. Assim, fé não é, nem ingenuidade, nem credulidade. Ela nem é ilógica nem é irracional. Pelo contrário, fé é uma confiança razoável. Ela se baseia no conhecimento: o conhecimento do nome de Deus. Sua razoabilidade nasce da confiança do Deus em quem se está confiando. Confiar em Deus nunca pode deixar de ser razoável, pois ninguém há que seja mais digno de confiança do que ele.
A fé vai crescendo, portanto, à medida que refletimos no caráter de Deus e na aliança de Deus. Mas como podemos descobrir seu caráter e sua aliança? Somente pela Bíblia, na qual estão reveladas estas duas verdades. Assim, quanto mais meditarmos na auto-revelação de Deus através da Escritura, tanto mais madura ficará a nossa fé, enquanto que, sem a Escritura, a nossa fé acabará fraca e doentia. (Adaptado do Livro Ouça o Espirito, Ouça o Mundo – John Stott)